Uma das coisas mais difíceis na análise é abrir mão da nossa necessidade de controle excessivo. Temos a tendência de tentar criar uma estrutura de vida totalmente idealizada, muitas vezes orientados por aquilo que é valorizado (ou desvalorizado) em nosso círculo social. O incentivo que recebemos quando fazemos isso torna ainda mais difícil passar de uma busca de controle de si mesmo para uma atitude de tentar conhecer a si mesmo, o que inclui ouvir e estar disposto a mudar de direção quando necessário.
De acordo com Patrick Paul, em seu livro O Segredo do Graal, a busca do cavaleiro errante pelo Santo Graal reflete essa busca por si mesmo, cujo primeiro passo consiste em abrir mão do controle e admitir ainda não saber quem se é. Por isso, na história do cavaleiro Perceval, por exemplo, seu nome só é mencionado explicitamente na metade da história. Isso significa que é somente durante essa busca por saber quem somos, e não antes, que nossa identidade é gradativamente revelada. Antes disso, o cavaleiro só é chamado “filho”,”amigo” ou “servo” de outras pessoas.
Esse tipo de busca por autoconhecimento sempre representa um risco de perda do controle, pois nunca sabemos exatamente o que vamos encontrar, daí os inúmeros perigos e armadilhas que o herói enfrenta sempre em terras desconhecidas. Mas, por outro lado, evita-la significa viver uma vida que, em última instância, não é realmente nossa, por mais que seja uma vida aparentemente mais segura.