Qual a importância das histórias?
Para começar, a consciência humana não existe sem história. Se você quer saber se uma pessoa está consciente ou não você pede para que ela te conte uma história coerente (quem ela é, onde mora, o que faz, etc). Se a pessoa não é capaz de contar uma história sobre si, isso significa que ela está desorientada.
Isso mostra que não é qualquer história que serve para nos orientar no mundo, e muitas vezes a história que contamos sobre nós mesmos é grande parte do problema. Se esta história não nos colocar numa relação adequada com o Outro, o que existe além de mim, ela gera desorientação. Por isso as histórias que foram selecionadas pela humanidade ao longo dos milênios, e que sobreviveram até os dias de hoje, são importantes. Elas contém elementos chave para orientar o ser humano no mundo, independente do tempo (a época em que se vive), ou de espaço (o lugar onde se vive).
Essas histórias universais, os mitos, sempre foram o centro da organização social, e nos ajudaram a atravessar toda espécie de crise, dos desertos até os dilúvios. Ao mesmo tempo, elas ajudam a conhecer a visão propriamente humana do mundo, ou seja, são fontes de autoconhecimento. Assim, nunca é perda de tempo entrar em contato com essas histórias: elas ajudam entender qual história estamos vivendo, pois participamos de uma, consciente ou inconscientemente. O grande mérito da psicoterapia junguiana é abrir essa oportunidade, a de conhecer a própria história, no nível individual e universal, unificando ambos.