Como surge um “falso self”, segundo Winnicott
De acordo com o psicólogo Donal Winnicott, toda criança nasce com um potencial de desenvolver uma personalidade individual única, um self autêntico. Esse self pode se manifestar em um ambiente suficientemente bom, que permita a expressão da individualidade em um contexto minimamente estruturado.
Porém, quando as pessoas tentam suplantar completamente os gestos espontâneos da criança para impor sua personalidade sobre ela, surge um falso self. Isso serve como forma de se adaptar aos desejos conscientes e inconscientes do outro, mantendo o self autêntico subdesenvolvido.
O falso self funciona como uma defesa, e pode ser extremamente eficiente na adaptação ao ambiente como forma de se defender. O falso self pode, inclusive, ser confundido com maturidade precoce. O medo de ser punido por manifestar seu self autêntico faz com que a pessoa dependa cada vez mais da personalidade falsa como meio de sobrevivência.
A pessoa pode, inclusive, atingir sucesso acadêmico, profissional e social através do falso self, mas isso vem acompanhado de um sentimento reprimido de vazio interior e falta de espontâneidade. Esse sentimento de tédio evolui para a falta de sentido da vida. A pessoa sente como se sua vida não fosse sua.
O processo terapêutico é uma das formas de se reconectar com o self autêntico, permitindo que ele emerja. Isso acontece através de uma relação terapêutica onde a pessoa se sinta segura o suficiente para ser ela mesma, sem medo. Meios simbólicos como a análise de sonhos e técnicas projetivas, como o desenho, são formas de estimular a conexão com esse self autêntico.