Jung dizia que o desejo descontrolado do homem moderno por bens, viagens, luxos, prazeres e outras extravagâncias, assim como o aumento da ansiedade, eram consequências diretas da perda de sentido de sua vida.
Ele descreve o encontro que teve com uma mulher que já estava na sua terceira viagem ao redor do mundo: “O que a senhora procura?… está possuída por muitos demônios que a instigam sempre. E por que está possessa? Porque não leva uma vida que tenha sentido.”
Jung compara este tipo de vida com a dos índios pueblo: “Eles têm sua vida de todo dia, sua vida simbólica. Levantam-se de manhã sentindo sua grande e divina responsabilidade: eles são filhos do Sol, o Pai, e sua tarefa diária é ajudar o pai a despontar no horizonte – não só para si mesmos mas para todo o mundo.”
De acordo com ele, só a vida que envolve a dimensão simbólica é plena de sentido: “Isto traz paz, quando as pessoas sentem que estão vivendo a vida simbólica, que são atores do drama divino. Unicamente isto dá sentido à vida humana; tudo o mais é banal e pode ser dispensado.”
Isso significa que quando o indivíduo sente que suas ações estão ligadas e sendo direcionada por algo maior que ele mesmo, como se fosse uma tarefa que ele está cumprindo, todos os aspectos da sua vida se enchem de significado, inclusive as perdas e os sofrimentos. Psicologicamente, isso acontece quando a consciência do Eu vive aberta para as influências do inconsciente e, principalmente, do Si-mesmo, que é a totalidade da sua psique.
Observando esses fatores internos e levando-os em conta nas suas decisões, o indivíduo passa a se sentir inteiro em tudo que faz e vive. Ao mesmo tempo, ele encara como sua tarefa encontrar formas de realizar essas direções interiores, que tem como objetivo a expressão dos potenciais que compõem a sua personalidade total. Dedicar a vida ao cumprimento da tarefa da realização da personalidade total é o que Jung chamou de processo de individuação.
Já que, para muitos de nós, não é possível voltar para o mundo mitológico dos nossos ancestrais, Jung se viu forçado a encontrar uma outra solução para este problema, retomando a vida simbólica através da análise do inconsciente.
Ele mostrou que aquele sentido que o homem moderno buscava desesperadamente fora, estava dentro.