Por sua relação com o inconsciente, essa figura aparece como uma conhecedora do “outro mundo”, funcionando como uma guia para aquele que atende seu chamado. Exemplos na mitologia são Ariadne, guiando Teseu no labirinto do Minotauro, ou Beatriz, guiando Dante na sua peregrinação pelo inferno, purgatório e paraíso.

Porém, ao ser ignorada, a anima se manifesta como explosões emocionais e desejos descontrolados que arruinam as relações do homem, obrigando-o a olhar para dentro. Assim, ela faz o indivíduo encarar suas sombras e fraquezas escondidas, que é parte fundamental no caminho de seu desenvolvimento. 

Por isso, ao ouvir o chamado de Beatriz, Dante passa primeiro pelo inferno, onde acontecem diálogos com diversas personalidades que, psicologicamente, podem ser vistas como personificações do lado obscuro da humanidade, que precisa ser conhecido para, posteriormente, ser transformado. Isso só acontece após um grande esforço, como aquele representado pelas pessoas no purgatório, que abre as portas para o paraíso.

A anima exige tudo do homem, principalmente coragem para se guiar confiando em algo além da pura razão, ou seja, ela inclui os instintos. Hoje imaginamos os instintos como responsáveis por todas as espécies de exagero mas, na verdade, é o contrário. Os instintos saudáveis buscam a preservação e o desenvolvimento do organismo, e não uma busca de prazer autodestruidor. Os exageros, na verdade, são expressões de instintos ignorados. 

Ignorar a anima costuma levar a uma vida dupla: por fora, o indivíduo é perfeitamente adaptado à sociedade e à família, mas, em segredo, carrega uma segunda vida que contradiz completamente essa imagem. Neste caso, o lado emocional está subdesenvolvido, e o homem pode estar preso inconscientemente à mãe.

Isso acontece porque a anima aparece inicialmente projetada em uma mulher que gera uma fascinação inexplicável. Essa mulher costuma ser a mãe, mas essa projeção muda ao longo da vida, passando para outras mulheres com o qual o homem se relaciona.

Quando o homem aprende a se relacionar com a anima, ele retira essa projeção das mulheres e se torna emocionalmente maduro. Isso permite a construção de uma vida mais unificada e relações mais saudáveis. Por isso, Jung dizia que para vincular-se verdadeiramente ao outro é necessário antes vincular-se a si mesmo.

Iniciar conversa
Agende uma consulta
Olá! Gostaria de agendar uma consulta? Estou à disposição!