De acordo com o psiquiatra Iain McGilchrist, a ideia de que cada hemisfério cerebral faz uma coisa diferente está errada. Na verdade, ambos os hemisférios participam de tudo que fazemos, é a forma como eles participam destas atividades que são diferentes. Essas diferenças foram notadas no estudo de indivíduos com danos em diferentes regiões desses hemisférios, como pacientes que sofreram AVC. Alguns exemplos são:

Linguagem: o hemisfério direito é responsável pela compreensão de metáforas, humor, ironia e outros significados implícitos, enquanto o esquerdo se concentra no significado literal.

Atenção: o hemisfério direito é responsável pela atenção vigilante, que presta atenção no ambiente como um todo,  de forma implícita, enquanto o esquerdo é responsável pela atenção seletiva, que escolhe um aspecto dessa imagem, ignorando o resto do contexto. Nos animais, isso se reflete na necessidade de se manter alerta para a presença de predadores e outros elementos do ambiente (contexto) enquanto procurando os recursos necessários para a sobrevivência (objetivo específico)

Objetos: o hemisfério direito tem preferência por objetos naturais e vivos, enquanto o esquerdo tem preferência por objetos artificiais e manipulação de ferramentas.

Experiências: o hemisfério direito é mais ativo durante novas experiências, que necessitam de uma compreensão mais intuitiva e um raciocínio mais amplo, enquanto o hemisfério esquerdo tende a lidar com a execução de fórmulas estabelecidas.

Lógica: o hemisfério direito gera as premissas intuitivas de um sistema lógico, enquanto o esquerdo constrói as fórmulas baseado nessas premissas.

Assim, o hemisfério direito, no geral, forma uma visão mais global de mundo, buscando compreender o contexto como um todo, de forma simbólica e implícita, estando mais ligado com o inconsciente. Já o hemisfério esquerdo se concentra em aspectos específicos e detalhes para consecução de objetivos, estando mais ligado com a consciência explícita.

Porém, o hemisfério esquerdo tende a se dissociar do direito, especialmente em ambientes altamente artificiais, o que pode gerar uma visão de mundo unilateral e fragmentada, que, de acordo com McGilchrist, é um problema crescente da sociedade atual. Uma das formas de se tratar esse estado de dissociação é a psicoterapia profunda. A forma simbólica de ver o mundo do hemisfério direito está muito relacionada com o conceito de inconsciente coletivo, postulado por Jung, fazendo desta uma abordagem muito importante para lidar com os problemas contemporâneos.

McGilchrist explora todas essas questões em profundidade no seu livro The Master and his Emissary.

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