“Normalmente, a fantasia não erra, porque a sua ligação com a base animal e instintiva é por demais profunda e íntima… O poder da imaginação, com sua atividade criativa, liberta o homem da prisão de sua pequenez, do ser “só isso”, e o eleva ao estado lúdico. O homem, como diz Schiller, ‘só é totalmente homem quando brinca’ (Jung).
Jung considerava a fantasia como a expressão de uma atividade psicológica instintiva do ser humano. Por isso, ele dizia que as imagens desse tipo de pensamento atingiam camadas profundas da psique, causando transformações mais efetivas da personalidade. Hoje sabemos, através de trabalhos mais recentes, como do cientista cognitivo George Lakoff, que o pensamento fantasioso, marcado pelo uso de metáforas, é enraizado em padrões de pensamento inconscientes, baseados na estrutura do nosso cérebro, e não em imagens aleatórias, reforçando a hipótese de Jung.
De acordo com o psiquiatra Erik Goodwyn, as metáforas complexas são “a fonte da imaginação, já que elas nos permitem mapear coisas que nós conhecemos bem cognitivamente da nossa neurobiologia, como o sistema espaço visual, a coisas que estamos tentando entender, como o universo, a mente e as emoções”. Assim, é justamente o pensamento fantasioso que nos permite entrar em contato com o que ainda é desconhecido e ampliar nosso conhecimento sobre nós e sobre o mundo, tendo um papel fundamental no atendimento psicoterapêutico, como porta de acesso aos conteúdos inconscientes que serão analisados. Por outro lado, as pessoas que desprezam esse tipo de pensamento, tendem diminuir o universo em que vivem, assim como o sentido de suas vidas.